Algumas pessoas concordam em que muitas leis do Velho Testamento não estão mais em vigor, mas ainda colocam em vigor algumas dessas leis. Alguns, por exemplo, ainda aceitam a autoridade do Velho Testamento para o Sábado, ou para a música instrumental, etc. Consideremos esta abordagem. Consideremos algumas regras possíveis para determinar o que ainda está e o que não está mais em vigor. Aprendemos que a Velha Aliança cessou de vigorar. Isto inclui todas as práticas do Velho Testamento, a não ser que possa ser mostrado pelas Escrituras que Deus teve a intenção de que certas leis continuassem. É impróprio só afirmar, sem prova, que certas leis ainda estão em vigor e outras não estão.
Consideremos algumas regras que as pessoas, às vezes, sugerem para se fazerem tais distinções:
"Lei de Deus" X "Lei de Moisés"; "Lei Moral" X Lei Cerimonial" Alguns dizem que os Dez Mandamentos (incluindo-se o sábado) são a "Lei de Deus", a "Lei Moral" (ou "Lei Espiritual") e que estas ainda estão valendo. Mas os outros mandamentos do Velho Testamento são a "Lei de Moisés", a "Lei Cerimonial", e estas são as que foram retiradas. Contudo: Que prova existe, nas Escrituras, de que estas distinções entre as leis são válidas? Como sabemos se o que foi removido inclui somente a lei de Moisés ou a lei cerimonial, porém não a lei de Deus, etc.? Como sabemos quais leis estão incluídas na Lei de Deus ou na Lei Moral e quais leis não estão? (Note que as expressões "lei moral" e "lei cerimonial" não estão mencionadas em parte alguma da Bíblia). O sábado, por exemplo, foi um dos Dez Mandamentos, então alguns afirmam que ele é parte da Lei Moral de Deus e continua hoje. Porém ele também é repetido em outras partes do Velho Testamento, que não são os Dez Mandamentos (Êxodo 31:13, etc.), e está listado em trechos contendo leis que foram removidas (tais como Levítico 19:3,30; 23:1-44); então, porque isto não prova que o sábado foi removido, como parte da "Lei Cerimonial de Moisés"? E mais ainda, aqueles que continuam a praticar o sábado, usualmente tam-bém praticam o dízimo do Velho Testamento, a música instrumental e até leis dietéticas. Estas últimas não estão nos Dez Mandamentos, nem sua natureza é mais "moral" que outras leis "cerimoniais", que foram abandonadas. Portanto, estas pessoas violam sua própria distinção. Na realidade, a Bíblia mostra que lei de Deus e lei de Moisés são só termos diferentes para a mesma lei, e que a lei de Deus incluía coisas que foram claramente removidas. Por exemplo: Neemias capítulo 8 refere-se a certo "livro da lei", e o chama o livro da lei de Moisés (v. 1) e o livro da lei de Deus (v. 8,18). Deus ordenou-a por Moisés (v. 14), então ambos os termos se referem à mesma lei. Lucas 2:21-24,39 - A mesma lei é chamada a lei de Moisés (v. 22) e a lei do Senhor (v. 23,24,39). E esta lei foi um ritual de purificação, incluindo o sacrifício de animais, que foi claramente abandonado (veja Levítico 12:2-8). Daí, lei do Senhor é a mesma que lei de Moisés, e ela contém coisas que foram abandonadas. Em 2 Crônicas 31:2-4, a lei de Deus incluía o sacrifício de animais, luas novas e dias festivos. Não há distinção entre a lei de Deus e a Lei de Moisés. Era a lei de Deus porque ele a originou, mas era a lei de Moisés porque foi revelada através dele (Neemias 10:29). Do mesmo modo, em nenhum lugar a Bíblia distingue lei moral de lei cerimonial, dizendo que a lei moral continua. Toda essa distinção é uma regra feita pelo homem, que não tem a autorização de Deus (Mateus 15:9; Gálatas 1:8,9; 2 João 9-11). Leis dadas antes do Sinai e leis dadas no Sinai. Alguns dizem que Jesus aboliu as leis dadas no Sinai, mas que as leis dadas antes do Sinai continuam, incluindo-se a do sábado, que eles dizem ter sido dada na criação - Gênesis 2:2,3. De novo, onde diz a Bíblia que as leis dadas antes do Sinai ainda estão em vigor? De fato, há muitos mandamentos que sabemos não estarem mais em vigor, embora tenham sido dados antes do Sinai. Isto inclui o sacrifício de animais (Gênesis 4:4; 8:20; etc.), a circuncisão (Gênesis 17:9-14), a páscoa (Êxodo 12), e os animais imundos (Gênesis 7:2). Mais ainda, não há prova real de que Deus impôs o sábado aos homens desde a criação. Não há passagem mencionando Noé, Abraão ou qualquer outro dos patriarcas guardando o sábado. Ezequiel 20:10-12 diz que Deus deu a Israel o sábado como um sinal entre ele e seu povo, quando ele os guiou para fora do Egito, e Deuteronômio 5:15 diz que foi uma comemoração daquele acontecimento (veja Neemias 9:13,14; Êxodo 31:13-17). Como poderia ser um sinal entre ele e uma nação, se todos, desde a criação, tivessem o mesmo sinal? E como poderia ser uma comemoração de um acontecimento, antes que aquele acontecimento se realizasse? Gênesis 2:3 diz somente que o próprio Deus descansou no sétimo dia, e diz o PORQUÊ ele o abençoou e o santificou. Mas não diz QUANDO ele começou a exigir DOS HOMENS que o guardassem, nem QUEM foi mandado guardá-lo. Recorde-se de que isto foi escrito por Moisés, muitos anos depois que Israel deixou o Egito e lhes foi dado o sábado. Ele mencionou o sábado em ligação com a criação, de modo que os homens veriam o propósito disso, não necessariamente para dizer quando as pessoas começaram a guardá-lo. Leis eternas X outras leis Alguns dizem que o sábado deve ser guardado hoje, porque Êxodo 31:16,17 diz que ele deveria ser guardado "para sempre", "perpétuo". De novo, porém, esta passagem diz que o sábado era um sinal entre Deus e Israel, então por que exigí-lo hoje de outro povo? E esta lei "perpétua" exigia que as pessoas fossem mortas, como punição, por terem-na violado. Se esta lei estiver ainda em vigor hoje, ela tem que ser guardada do modo que ela manda guardá-la. Deixar de fazer assim é admitir que ela não está realmente em vigor nos dias de hoje. Os termos do Velho Testamento "para sempre" e "perpétuo" não significam, necessariamente, que essas leis não têm fim. Há muitas outras práticas que Deus disse serem "para sempre", etc., mas que definitivamente têm cessado. São exemplos: A Páscoa (Êxodo 12:14) O incenso (Êxodo 30:8) Os dias festivos (Levítico 23:14,21,31, 41) O sacrifício de animais (Levítico 16:29-34; 6:19-30; 2 Crônicas 2:4) O sacerdócio levítico (Êxodo 40:15; 29:9,26-28; 28:40-43; Números 25:13; Deuteronômio 18:5) A adoração no Tabernáculo (Êxodo 27:21; 30:8; Levítico 24:5-9) A circuncisão (Gênesis 17:9-14) TODOS os mandamentos e preceitos de Deus (Salmos 111:7; 119:151,152,160). Se estas práticas cessaram, ainda que fossem "para sempre", etc., porque não pode o sábado, do mesmo modo, ter cessado? "Para sempre", nestas passagens, se refere ao que haveria de durar por um período de tempo indefinido: "duração de uma era". O contexto de Êxodo 31:13,16 define melhor isto, para significar "nas gerações de Israel". Esta expressão foi também utilizada para muitas das outras práticas e, anteriormente, já aprendemos que isso prova que essas práticas, incluindo-se o sábado, todas cessaram porque as gerações de Israel, como a nação escolhida por Deus, cessaram. Todos estes esforços para justificar o ato de colocar em vigor as partes do Velho Testamento, vão falhar. Esta conclusão será confirmada no decorrer do nosso estudo. Os versículos que já estudamos provam que toda a lei foi removida, incluindo-se os Dez Mandamentos. Hebreus, capítulos 7-10 Jesus removeu a aliança que Deus fez com Israel quando ele os conduziu para fora do Egito (8:9; 10:9,10). Esta aliança é vista, aqui, como uma aliança, a primeira aliança (8:7,13; 9:1,15,18; 10:9). Não foram duas alianças, uma retirada e outra permanecendo. Mas o que esta primeira aliança incluía? Hebreus 9:18-20 - A primeira aliança era dedicada com sangue e incluía todos os mandamentos falados por Moisés. Êxodo 24:3-8 explica melhor e mostra que isto englobou todas as palavras que o Senhor disse (v. 3,4,7), incluindo-se os Dez Mandamentos, dados em Êxodo 20:3-17. Hebreus 9:1-4 - Esta aliança, que foi removida, incluía as tábuas da lei, que ficavam dentro da arca da aliança. Esta é uma referência clara aos Dez Mandamentos, que foram escritos nas tábuas da aliança - Êxodo 34:27,28; Deuteronômio 4:13; 5:2,22; 9:9,11. 2 Coríntios 3:6-11 A velha aliança iria "desvanecer" (desaparecer), em contraste com a nova aliança, que iria "permanecer". Que aliança era esta que iria desaparecer? Era aquela que foi escrita e gravada nas pedras (v. 7). Mas os versículos citados há pouco mostram que esta era os Dez Mandamentos. E mais, esta é a lei que, quando Moisés a entregou, sua face brilhava tanto que ele teve que usar um véu (v. 7,13). Mas Êxodo 34:27-35 mostra que isto aconteceu quando ele entregou os Dez Mandamentos. Assim, a velha aliança que se encerrou incluía os Dez Mandamentos. Gálatas, capítulos 3-5 A lei trouxe os homens a Cristo, mas não estamos mais debaixo da lei (3:24,25; 5:4). Que lei é esta? 3:17 - Ela é a lei dada 430 anos depois da promessa a Abraão. Êxodo 12:41 mostra que isto se refere ao tempo quando Israel saiu do Egito. Daí, esta é a aliança - uma aliança - dada no Monte Sinai (Gálatas 4:24), que temos visto que inclui os Dez Mandamentos. 3:10 - A lei significa "todas as coisas escritas no livro da lei". Mas acabamos de mostrar, em Hebreus 9:18-20 e Êxodo 24:3-8, que isto incluía os Dez Mandamentos. 5:3 - Se colocarmos em vigor uma parte da lei, seremos obrigados a guardar toda a lei. A lei é um todo. Não podemos tomar uma parte e deixar a outra. Temos que tomar toda ela ou nada. Se a tomarmos, decairemos da graça (5:2,3,4) Romanos 7:1-7 Estamos desobrigados da lei, como uma mulher está liberada de um esposo que morre. É adultério espiritual praticar tanto a velha lei como a lei de Cristo, ao mesmo tempo. Mas, qual é a lei de que ficamos livres? É aquela que ordena "Não cobiçarás" (v. 7). Mas este é um dos Dez Mandamentos. Daí, a lei que foi removida inclui os Dez Mandamentos. Efésios 2:11-18 Jesus aboliu a lei que era uma parede de separação entre o judeu e o gentio. Que lei era essa? Já vimos que ela era a lei dos Dez Mandamentos, que era uma parede entre o judeu e o gentio, desde que Deus a deu aos judeus, por causa da sua condição de favorecidos. Do mesmo modo, o sábado era um sinal da relação especial de Deus com Israel (Êxodo 31:13-17). Se Jesus tivesse deixado os Dez Mandamentos ou o sábado em vigor, ele teria deixado uma barreira entre judeus e gentios. Para atingir seu propósito, ele tinha que remover o sábado e os Dez Mandamentos, tanto quanto toda a lei do Velho Testamento. Colossenses 2:13-17 Cristo cancelou o escrito de ordenanças. A qual lei isto se refere? 2:16 - Uma vez que a lei foi removida, não precisamos guardar leis a respeito de alimentos, de dias santos ou do sábado. Desde que o sábado era um dos Dez Mandamentos, segue-se que todas as leis do Velho Testamento foram retiradas, incluindo-se os Dez Mandamentos e o sábado. Alguns afirmam, aqui, que "sábado" se refere aos dias de festas anuais, não ao sábado do sétimo dia, porque a palavra grega é plural. Embora em todas as passagens seguintes, "sábado" claramente se refira ao sétimo dia, ainda assim é plural no original: Êxodo 31:13; Lucas 4:16; 23:54; Atos 13:14; 16:13; Mateus 24:20; etc. Em Mateus 12:1-14 e Lucas 13:10-17, as formas plural e singular são usadas igualmente, todas se referindo ao sétimo dia. Nos Dez Mandamentos, em Êxodo 20:8 e Deuteronômio 5:12, o plural é usado na tradução grega, como em Colossenses 2:16. O Novo Testamento se refere ao sábado 59 vezes. Em nenhuma destas ocasiões se pode mostrar que ela exclui o sábado do sétimo dia. De fato, Colossenses 2:16 menciona o sábado separadamente das luas novas e dos dias de festa, propositadamente, para especificar o sétimo dia além dos dias de festa. Isto é, exatamente, o mesmo que é feito em versículos do Velho Testamento, tais como 1 Crônicas 23:31; 2 Crônicas 2:4; 8:1; 31:3; Neemias 10:33; Ezequiel 45:17. Colossenses 2:14-16 especificamente, identifica o sábado como uma prática que foi cancelada. Não devemos permitir que pessoas de hoje exijam de nós guardar leis dietéticas, os dias santos, ou o sábado do sétimo dia. Não há prova de que nenhuma parte da lei, como tal, esteja em vigor agora. A lei foi um todo e não poderia ser removida parcialmente. Para removê-la, Jesus teve que removê-la toda. Não podemos buscar autoridade na Velha Lei para nenhuma prática de nossos dias.