O monoteísmo não é apenas a ideia de que um único ser divino deve ser adorado entre outros supostos deuses existentes. A essa crença chamamos monolatria ou henoteísmo. O monoteísmo é a ideia de que existe apenas um único Deus, por isso somente ele é digno de completa adoração. O monoteísmo não admite a existência de outros deuses, mas apenas a existência de um.
A nossa avaliação crítica de alguns grupos religiosos iniciará com duas das chamadas principais religiões monoteístas (judaísmo e islamismo). As três grandes religiões monoteístas possuem semelhanças em vários aspectos. Acreditam em um Deus pessoal, mesmo que sua concepção da natureza da divindade seja diferente. Os judeus e muçulmanos não acreditam na unidade composta de Deus (trindade), crendo ser essa concepção um erro ou desvio doutrinário do cristianismo. Apesar de não crerem no conceito do Deus possuidor de uma unidade composta, seus livros sagrados (Tanach [Primeiro Testamento/AT] e Alcorão) tendem, de uma forma indireta, a apresentar essa concepção. Vejamos a seguir alguns desses textos que afirmam a unidade composta de Deus em tais escritos considerados sagrados por seus seguidores:
"E quando dissemos aos anjos: prostrai-vos ante Adão!..." Surata 2.34;
"Determinamos: Ó Adão, habita o paraíso..." - Surata 2.35;
"E ordenamos: Descei todos aqui! Quando vos chegar de mim a orientação, aqueles que seguirem a minha orientação não serão presas do temor, nem se atribularão" - Surata 2.38.
Esses textos são claros ao usar termos plurais (verbos) com referência a Alá, mesmo que sejam empregados também nos mesmos contextos pro nomes no singular com referência ao senhor do Islã. Nega-se a crença, mas ao mesmo tempo deixa-se implícita a doutrina.
Apesar de alguns muçulmanos afirmarem que o Deus do cristianismo é o mesmo do islamismo, isso faz mais parte de um diálogo conciliador, visando uma aproximação com os cristãos no intuito de evangelizá-los, do que uma verdade verificável dentro das doutrinas e crenças islâmicas.
Existe uma diferença irreconciliável entre essas duas religiões monoteístas no que diz respeito à pessoa e à natureza de Deus. Por exemplo, a imagem de Deus reproduzida pelo Islã é de um Deus não trinitário (unitarismo), portanto completamente diferente do Deus apresentado nas Escrituras Judaico-cristas. O Corão, assim, nega e condena qualquer presunção humana de se crer na doutrina da Trindade, condenando tais crentes ao inferno (Surata 5, 73, 74).
Consequentemente a essa rejeição completa à doutrina da Trindade, a pior transgressão cometida por um ser humano seria então o pecado de idolatria chamado shirk (comparar Deus com algo ou alguém). Este para os muçulmanos é um pecado imperdoável, sendo o principal motivo pelo qual rejeitam completamente a doutrina cristã da Trindade, pois necessariamente coloca Jesus em um nível de igualdade de natureza com o Pai celestial; para os muçulmanos é considerado um ultraje à imagem de Deus, pois coloca a criatura (Jesus, segundo eles) no mesmo nível de semelhança do criador (Surata 5.72).
O unitarismo judaico também não é diferente do unitarismo islâmico, pois, mesmo que negue a possibilidade de existir dentro de suas Escrituras Sagradas um Deus em termos plurais ou compostos, o Tanach (Escrituras judaicas) também declara da mesma forma algum tipo de unidade composta em YHVH (Deus), mesmo que isso seja negado pelos mestres e autoridades judaicas. Vejamos alguns textos que expressam essa ideia:
"Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança... E Deus Criou o homem à sua imagem. à imagem de Deus o criou..." - Bereshit 1.26,27; "E o Eterno Deus disse: "Eis que o homem se tornou como um de Nós, para conhecer o bem e o mal..." - Bereshit 3.22; "E disse o Eterno: 'eis um mesmo povo e uma mesma língua para todos eles...Vinde, desçamos e confundamos ali sua língua... E os espalhou o Eterno dali sobre a face de toda a terra..." - Bereshit 11.6-8.
Semelhante ao Corão, o Tanach deixa implícita a ideia de um ser composto na divindade única e eterna (YHVH). Pois ou o contexto de tais versos ou mesmo as implicações das ações desse ser plural só podem estar relacionados a Deus, e não aos anjos, uma vez que estes são completamente inexistentes nos versos mencionados.
Agora veremos as principais divisões das "seitas" - Novos Movimentos Religiosos (NMR)/Denominações Cristas não Bíblicas (DCNB), bem como das principais religiões as quais temos contato.