segunda-feira, 3 de abril de 2023

Por que a Bíblia usada pelos evangélicos é diferente da Bíblia católica?

As Bíblias, tanto católicas como protestantes, possuíam um mesmo conteúdo de livros considerados inspirados até que, no concílio de Trento, em 1546, após o início da reforma protestante em 1517, a Igreja católica decidiu considerar alguns livros além dos 66 que já eram aceitos como canônicos (inspirados), para ter base de sustentação a algumas doutrinas católicas que eram refutadas por Lutero e seus companheiros com base nas Escrituras. A Igreja católica, diante da diculdade de responder às acusações levantadas pelos protestantes, decidiu adotar um conjunto de livros escritos no período intertestamentário (entre Malaquias e Mateus), sete ao todo: Tobias, Judite, Baruc, Eclesiástico, Sabedoria e 1, 2 Macabeus, mais algumas partes inseridas nos livros de Daniel e Ester (quatro trechos). As principais doutrinas “favorecidas” foram: 
1. Justi cação pelas obras (Tobias 4.7-11); 2. Mediação dos Santos (Tobias 12.12); 
3. Ódio aos Samaritanos (Eclesiásticos 50.27-28); 
4. Oração pelos mortos (2Macabeus 12.44-45); 
5. Magia como meio de exorcismo (Tobias 6.8). Portanto, os livros que foram inseridos na Bíblia católica possuem doutrinas que não se harmonizam com o restante das Escrituras Sagradas e jamais foram aceitos pelos judeus palestinianos como inspirados por Deus. Por exemplo, na lista de livros considerados inspirados, escrita pelo historiador judaico Flávio Josefo, ele omite os apócrifos, mesmo os conhecendo em seus dias, admitindo-os apenas como “históricos” e de conteúdo inferior e secundário às demais Escrituras. Até o famoso Jerônimo, tradutor da Bíblia latina Vulgata, que durante muitos séculos foi a versão oficial católica, recusou-se a traduzir os “apócrifos” em sua versão das Escrituras. Esses livros só foram introduzidos na Vulgata após a sua morte.